Colaborador Roberto Rocha
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Resumo apresentado no dia 20.out.2016 durante o Encontro Científico
do Parque Estadual da Costa do Sol Anita Mureb, Cabo Frio, RJ. Brasil.
A principal ameaça à
biodiversidade no mundo tem sido a migração humana através dos continentes. No
passado remoto as causas naturais foram significativas e levaram diversas
espécies à extinção. No entanto, mais recentemente, tem sido o homem o
principal responsável por perdas biológicas relevantes. Alguns chamam de
ANTROPOCENO esse período atual de domínio de nossa espécie sobre todas as
demais e todos os seus ecossistemas. O uso do espaço terrestre passou a ser uma
exclusividade humana com seus sistemas de ocupação mais “equilibrados” enquanto
indígenas; e depois, de forma urbana impactante negativa a partir da
colonização de terras distantes. As invasões humanas se repetiram ao longo da
história, mas se acentuaram agressivamente após a revolução industrial. Dessa
forma, temos hoje, com base na domesticação de animais, no cultivo de vegetais,
no domínio da metalurgia e outras ciências mais recentes, um importante caminho
de devastação ecológica, tendo como argumento principal o “desenvolvimento” de
nossa espécie. Se a população humana não for controlada em sua expansão por
algum meio, certamente que teremos uma nova catástrofe mundial, provavelmente
ainda neste século XXI. A intervenção do Homo
sapiens nos principais serviços ecossistêmicos causando-lhes deteriorações
relevantes comprometerá a nossa própria sobrevivência. Atualmente discute-se a
relação das espécies exóticas com o desmatamento e a perda de biodiversidade
quando não há um controle efetivo dos espaços a serem ocupados de modo
racional. Muitas das vezes os interesses econômicos ultrapassam os interesses
públicos e os princípios de sustentabilidade comprometidos com a salvaguarda do
patrimônio nacional para as futuras gerações. O imediatismo econômico é a
principal causa da destruição dos ecossistemas naturais e da perda de serviços
ecossistêmicos insubstituíveis. A relação das espécies exóticas com a saúde
humana e a saúde dos ecossistemas exige um rigoroso controle público que não esteja acoplado a
pressões políticas partidárias e de grupos monopolizadores não comprometidos
com o futuro distante. Há que existir um equilíbrio no uso das espécies exóticas
que se destinam apenas para fins utilitaristas lucrativos de curto prazo. A
criação de novas unidades de conservação e a ampliação das já existentes,
garantindo-lhes equipes capacitadas, equipamentos e demais recursos para sua
manutenção e modernização, torna-se um desafio urgente urgentíssimo face à
extinção assombrosa das espécies que está ocorrendo desde o século XX em todo o
planeta. Basta consultar a lista Vermelha da IUCN para se ter uma idéia dessas
perdas (Disponível em: www.redlist.org).
Espécies exóticas invasivas causam sérios danos à economia humana, à saúde de
um modo geral e à perda de biodiversidade nativa, já por demais erodida por
outras causas antrópicas. Desde 1992 a Convenção sobre Diversidade Biológica
(CDB) já chamava a atenção para essa questão ao afirmar que “cada parte
contratante deve, na medida do possível e conforme o caso, impedir a
introdução, controlar ou erradicar as espécies exóticas que ameaçam
ecossistemas, habitats e espécies”. A IUCN (www.iucn.org)
é a responsável pela orientação de questões que afetem a biodiversidade no
mundo. A sua Comissão de Sobrevivência de Espécies possui “The Invasive Species
Specialist Group – ISSG/SSC-IUCN”. Disponível em: www.issg.org/database e www.invasivespecies.net/database.
Em 1996 já tínhamos “IUCN Guideline for Prevention of Biodiversity
Loss due to Biological Invasion”. Disponível em: (http://iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/invasivesEng.htm). Esse documento faz parte do “The Global Invasive
Species Programme” (disponível em: www.gisp.org).
Está disponível desde 2000 o documento ilustrado “100 of the world`s worst
invasive species: a selection from the Global Invasive Species Database”
(disponível em: www.issg.org/booklet.pdf).
Em 2001 houve uma Reunião de Trabalho sobre Espécies Exóticas no Brasil, em
Brasília, da qual participaram o MMA e a EMBRAPA para avaliar tal situação. Em 2003
o MMA promoveu o I Simpósio Brasileiro sobre Espécies Invasoras e em 2006
publicou Espécies Exóticas Invasoras: situação brasileira (ISBN 85-7738-019-X).
A Organização Mundial para a
Saúde Animal (World Organization for Animal Health – www.oie.int) - publicou em 2012 “Guidelines for
assessing the risk of non-native animals becoming invasive”. Dessa
forma, não faltam orientações e documentos para consultas e tomada de decisões para
solucionar esta questão no Brasil. Falta sim, vontade política para colocar em
prática as medidas necessárias e que não sejam afetadas por interesses menores
que não visam a real preservação do nosso patrimônio natural nativo. Muitas
vezes as discussões são apena de caráter econômico e esportivas sem se
aprofundarem nas questões conservacionistas
como prioridade e que são as principais razões da existência de todo o acervo
disponível até então.
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