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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Ameaças à biodiversidade por espécies exóticas invasivas.

Colaborador Roberto Rocha
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 Resumo apresentado no dia 20.out.2016 durante o Encontro Científico do Parque Estadual da Costa do Sol Anita Mureb, Cabo Frio, RJ. Brasil.

A principal ameaça à biodiversidade no mundo tem sido a migração humana através dos continentes. No passado remoto as causas naturais foram significativas e levaram diversas espécies à extinção. No entanto, mais recentemente, tem sido o homem o principal responsável por perdas biológicas relevantes. Alguns chamam de ANTROPOCENO esse período atual de domínio de nossa espécie sobre todas as demais e todos os seus ecossistemas. O uso do espaço terrestre passou a ser uma exclusividade humana com seus sistemas de ocupação mais “equilibrados” enquanto indígenas; e depois, de forma urbana impactante negativa a partir da colonização de terras distantes. As invasões humanas se repetiram ao longo da história, mas se acentuaram agressivamente após a revolução industrial. Dessa forma, temos hoje, com base na domesticação de animais, no cultivo de vegetais, no domínio da metalurgia e outras ciências mais recentes, um importante caminho de devastação ecológica, tendo como argumento principal o “desenvolvimento” de nossa espécie. Se a população humana não for controlada em sua expansão por algum meio, certamente que teremos uma nova catástrofe mundial, provavelmente ainda neste século XXI. A intervenção do Homo sapiens nos principais serviços ecossistêmicos causando-lhes deteriorações relevantes comprometerá a nossa própria sobrevivência. Atualmente discute-se a relação das espécies exóticas com o desmatamento e a perda de biodiversidade quando não há um controle efetivo dos espaços a serem ocupados de modo racional. Muitas das vezes os interesses econômicos ultrapassam os interesses públicos e os princípios de sustentabilidade comprometidos com a salvaguarda do patrimônio nacional para as futuras gerações. O imediatismo econômico é a principal causa da destruição dos ecossistemas naturais e da perda de serviços ecossistêmicos insubstituíveis. A relação das espécies exóticas com a saúde humana e a saúde dos ecossistemas exige um rigoroso  controle público que não esteja acoplado a pressões políticas partidárias e de grupos monopolizadores não comprometidos com o futuro distante. Há que existir um equilíbrio no uso das espécies exóticas que se destinam apenas para fins utilitaristas lucrativos de curto prazo. A criação de novas unidades de conservação e a ampliação das já existentes, garantindo-lhes equipes capacitadas, equipamentos e demais recursos para sua manutenção e modernização, torna-se um desafio urgente urgentíssimo face à extinção assombrosa das espécies que está ocorrendo desde o século XX em todo o planeta. Basta consultar a lista Vermelha da IUCN para se ter uma idéia dessas perdas (Disponível em: www.redlist.org). Espécies exóticas invasivas causam sérios danos à economia humana, à saúde de um modo geral e à perda de biodiversidade nativa, já por demais erodida por outras causas antrópicas. Desde 1992 a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) já chamava a atenção para essa questão ao afirmar que “cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso, impedir a introdução, controlar ou erradicar as espécies exóticas que ameaçam ecossistemas, habitats e espécies”. A IUCN (www.iucn.org) é a responsável pela orientação de questões que afetem a biodiversidade no mundo. A sua Comissão de Sobrevivência de Espécies possui “The Invasive Species Specialist Group – ISSG/SSC-IUCN”. Disponível em: www.issg.org/database e www.invasivespecies.net/database. Em 1996 já tínhamos “IUCN Guideline for Prevention of Biodiversity Loss due to Biological Invasion”. Disponível em: (http://iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/invasivesEng.htm). Esse documento faz parte do “The Global Invasive Species Programme” (disponível em: www.gisp.org). Está disponível desde 2000 o documento ilustrado “100 of the world`s worst invasive species: a selection from the Global Invasive Species Database” (disponível em: www.issg.org/booklet.pdf). Em 2001 houve uma Reunião de Trabalho sobre Espécies Exóticas no Brasil, em Brasília, da qual participaram o MMA e a EMBRAPA para avaliar tal situação. Em 2003 o MMA promoveu o I Simpósio Brasileiro sobre Espécies Invasoras e em 2006 publicou Espécies Exóticas Invasoras: situação brasileira (ISBN 85-7738-019-X). A Organização Mundial para a Saúde Animal (World Organization for Animal Health – www.oie.int) - publicou em 2012 “Guidelines for assessing the risk of non-native animals becoming invasive”. Dessa forma, não faltam orientações e documentos para consultas e tomada de decisões para solucionar esta questão no Brasil. Falta sim, vontade política para colocar em prática as medidas necessárias e que não sejam afetadas por interesses menores que não visam a real preservação do nosso patrimônio natural nativo. Muitas vezes as discussões são apena de caráter econômico e esportivas sem se aprofundarem nas questões  conservacionistas como prioridade e que são as principais razões da existência de todo o acervo disponível até então.

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