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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018

Impactos dos fogos de artifícios sobre a fauna

Colaborador Roberto Rocha


Entra ano e saí ano os fogos de artífio pipocam no ar sobre as cidades, sobre os rios, sobre as baías e sobre os oceanos. São toneladas de substâncias químicas que reagem com a composição química do ar e das águas doces e salgadas. Qual será o impacto dessas realçoes no pH e na formação de substâncias tóxicas? Sabemos pouco sobre isso. Mas temos cereteza que algum mcoisa deve ocorrer. Afinal são algumas toneladas de drogas sendo despejadas em alguns minutos.


Sempre ouvi dizer que há muitos e muitos anos, quando o Cristo Redentor foi iluminado com fortes luzes, houve uma incrível mortalidade de insetos que se empilharam pra todo lado, especialmente mariposas noturnas, acostumadas ao brilho da lua, mas não ao brilho das explosões artificiais.

Ameaças à biodiversidade por espécies exóticas invasivas.

Colaborador Roberto Rocha
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 Resumo apresentado no dia 20.out.2016 durante o Encontro Científico do Parque Estadual da Costa do Sol Anita Mureb, Cabo Frio, RJ. Brasil.

A principal ameaça à biodiversidade no mundo tem sido a migração humana através dos continentes. No passado remoto as causas naturais foram significativas e levaram diversas espécies à extinção. No entanto, mais recentemente, tem sido o homem o principal responsável por perdas biológicas relevantes. Alguns chamam de ANTROPOCENO esse período atual de domínio de nossa espécie sobre todas as demais e todos os seus ecossistemas. O uso do espaço terrestre passou a ser uma exclusividade humana com seus sistemas de ocupação mais “equilibrados” enquanto indígenas; e depois, de forma urbana impactante negativa a partir da colonização de terras distantes. As invasões humanas se repetiram ao longo da história, mas se acentuaram agressivamente após a revolução industrial. Dessa forma, temos hoje, com base na domesticação de animais, no cultivo de vegetais, no domínio da metalurgia e outras ciências mais recentes, um importante caminho de devastação ecológica, tendo como argumento principal o “desenvolvimento” de nossa espécie. Se a população humana não for controlada em sua expansão por algum meio, certamente que teremos uma nova catástrofe mundial, provavelmente ainda neste século XXI. A intervenção do Homo sapiens nos principais serviços ecossistêmicos causando-lhes deteriorações relevantes comprometerá a nossa própria sobrevivência. Atualmente discute-se a relação das espécies exóticas com o desmatamento e a perda de biodiversidade quando não há um controle efetivo dos espaços a serem ocupados de modo racional. Muitas das vezes os interesses econômicos ultrapassam os interesses públicos e os princípios de sustentabilidade comprometidos com a salvaguarda do patrimônio nacional para as futuras gerações. O imediatismo econômico é a principal causa da destruição dos ecossistemas naturais e da perda de serviços ecossistêmicos insubstituíveis. A relação das espécies exóticas com a saúde humana e a saúde dos ecossistemas exige um rigoroso  controle público que não esteja acoplado a pressões políticas partidárias e de grupos monopolizadores não comprometidos com o futuro distante. Há que existir um equilíbrio no uso das espécies exóticas que se destinam apenas para fins utilitaristas lucrativos de curto prazo. A criação de novas unidades de conservação e a ampliação das já existentes, garantindo-lhes equipes capacitadas, equipamentos e demais recursos para sua manutenção e modernização, torna-se um desafio urgente urgentíssimo face à extinção assombrosa das espécies que está ocorrendo desde o século XX em todo o planeta. Basta consultar a lista Vermelha da IUCN para se ter uma idéia dessas perdas (Disponível em: www.redlist.org). Espécies exóticas invasivas causam sérios danos à economia humana, à saúde de um modo geral e à perda de biodiversidade nativa, já por demais erodida por outras causas antrópicas. Desde 1992 a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB) já chamava a atenção para essa questão ao afirmar que “cada parte contratante deve, na medida do possível e conforme o caso, impedir a introdução, controlar ou erradicar as espécies exóticas que ameaçam ecossistemas, habitats e espécies”. A IUCN (www.iucn.org) é a responsável pela orientação de questões que afetem a biodiversidade no mundo. A sua Comissão de Sobrevivência de Espécies possui “The Invasive Species Specialist Group – ISSG/SSC-IUCN”. Disponível em: www.issg.org/database e www.invasivespecies.net/database. Em 1996 já tínhamos “IUCN Guideline for Prevention of Biodiversity Loss due to Biological Invasion”. Disponível em: (http://iucn.org/themes/ssc/pubs/policy/invasivesEng.htm). Esse documento faz parte do “The Global Invasive Species Programme” (disponível em: www.gisp.org). Está disponível desde 2000 o documento ilustrado “100 of the world`s worst invasive species: a selection from the Global Invasive Species Database” (disponível em: www.issg.org/booklet.pdf). Em 2001 houve uma Reunião de Trabalho sobre Espécies Exóticas no Brasil, em Brasília, da qual participaram o MMA e a EMBRAPA para avaliar tal situação. Em 2003 o MMA promoveu o I Simpósio Brasileiro sobre Espécies Invasoras e em 2006 publicou Espécies Exóticas Invasoras: situação brasileira (ISBN 85-7738-019-X). A Organização Mundial para a Saúde Animal (World Organization for Animal Health – www.oie.int) - publicou em 2012 “Guidelines for assessing the risk of non-native animals becoming invasive”. Dessa forma, não faltam orientações e documentos para consultas e tomada de decisões para solucionar esta questão no Brasil. Falta sim, vontade política para colocar em prática as medidas necessárias e que não sejam afetadas por interesses menores que não visam a real preservação do nosso patrimônio natural nativo. Muitas vezes as discussões são apena de caráter econômico e esportivas sem se aprofundarem nas questões  conservacionistas como prioridade e que são as principais razões da existência de todo o acervo disponível até então.

segunda-feira, 7 de agosto de 2017

Entre "vetores" e "climas" de contextos sanitários e econômicos.

Colaborador Roberto Rocha

Com as flutuações térmicas observadas nas últimas décadas, é de se esperar - como já vem ocorrendo - surtos de doenças - cada vez mais frequentes - em populações selvagens, com possibilidades de envolvimentos com humanos. 

O Brasil precisa considerar que medidas mitigadoras, adaptativas , entre outras - de cunho agrícola - devem vir acompanhadas de intensos estudos e monitoramento de patógenos de animais selvagens nos diversos biomas do país. Urge intensificar recursos para que as equipes brasileiras possam cumprir suas metas conforme seus programas sanitários específicos. Estamos num país tropical, megadiverso, onde circulam um sem número de prováveis vetores hematófagos, mais ativos ainda em períodos quentes, revezando com fortes chuvas e alagamentos. 


O desequilíbrio ambientai causado por drogas tóxicas está agravando ainda mais a situação atual e afetando as teias alimentares e os serviços ecossistêmicos dos quais dependemos única e exclusivamente. Não somos tão autônomos como se possa imaginar. A economia também pode despencar - a qualquer momento - com a intervenção de organismos microscópicos associados às alterações atmosféricas presentes e, além disso, o impedimento da circulação dos "rios voadores" que são um dos nossos trunfos de produção. Extinguir florestas é impedir que a água chegue nos locai mais distantes, não exatamente por baixo, como nós estamos acostumados a ver, mas nas nuvens carregadas de água nos céus. 

              

Destruir florestas desequilibra também a circulação de vetores e microorganismos, os mais diversos. Os programas econômicos devem andar junto com os estudos de impactos ambientais rigorosos, e não exatamente simplificando etapas e desmerecendo o crédito de pesquisadores renomados. "Expertos" e pós-doutorados em PIB e bolsas de valores não possuem uma visão exata do que está acontecendo agora no país.

 Seus gráficos dão mais ênfase em "rios de dinheiros" e não em fenômenos ecológicos significativos e que precisam fazer parte do cenário de governança e de riscos potenciais que possam nos deixar mais vulneráveis ainda. A natureza ajuda a quem colabora com ela porque ela está no comendo. Se não for assim, logo criará um mecanismo de controle próprio e eficiente, para corrigir os desvios irresponsáveis da nossa ânsia desenfreada de desenvolvimento a qualquer custo.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Disruptores endócrinos (DE): drogas tóxicas cancerígenas?

Colaborador Roberto Rocha

Alguns países europeus estão preocupados com o aumento dos casos de cancer de mama e outros similares, hormonodependentes. Drogas conhecidas como bisfenol A, que estão presentes em alguns tipos de plásticos, estão sendo estudadas devido às suas relações com casos de cancer.  Os Estados Unidos e o Canadá já proibiram essas substâncias e outros países estão agora aprofundando suas pesquisas em busca de resultados mais convincentes, cientificamente falando. O nosso organismo tem dificuldades para reconhecer os disruptores endócrinos (DE) e eles então passam a modificar algumas respostas do nosso sistema hormonal, como se hormônios fossem.  O bisfenol A foi pesquisado em animais de laboratório e ficou comprovado que existe uma relação entre a presença dos disruptores e alguns casos de cancer que surgiram nesses mesmos animais. Instituições ligadas à saúde publica, interessadas nos disruptores endócrinos, estão oferecendo explicações que facilitam a  compreensão do que está ocorrendo. Disponível  em:  http://www.istas.net/web/abreenlace.asp?idenlace=7945. Acesso em: 24 jun 2011. O fato de usarmos diversos produtos plásticos em nosso cotidiano não quer dizer, absolutamente,  que estejamos todos expostos a esse mal. Somente alguns tipos de plásticos é que estariam associados ao problema. Por  questão de precaução, algumas instituições européias estão informando aos seus consumidores quais são os tipos de plásticos associados  aos casos descritos. Enquanto não temos uma posição definitiva a nível mundial, convém conhecer melhor essas drogas e seus efeitos nos organismos dos animais e dos humanos. A intenção do vídeo é justamente esta, já que a exposição ao ambiente admite a participação de milhares de fatores, dificultando "certezas" incontestes. Pesquisas rigorosas em andamento deverão corroborar tal posição ou não. No entanto, fica aqui demonstrada a preocupação dos países de primeiro mundo com tais drogas.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A emergência das doenças emergentes e as doenças infecciosas emergentes e reemergentes no Brasil

Resenhado por Tônia Rocha

O título acima pertence ao artigo publicado em 2002 pela Revista Brasileira de Epidemiologia e tem como autor o Professor Expedito J. A. Luna, da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo. Em um primeiro momento, ele discute a emergência do conceito de doenças emergentes e reemergentes na epidemiologia baseado na teoria da transição, onde doenças infecto-parasitárias estariam sendo substituídas por doenças crônico-degenerativas de acordo com o aumento do nível sócio-econômico de cada país e como que a epidemia de aids veio modificar esta teoria.

Depois, o autor explica o porquê da emergência e da reemergência das doenças infecciosas nos tempos atuais, ressaltando que múltiplos fatores atuam simultaneamente. São eles:

- Fatores demográficos: acelerado crescimento da população mundial, principalmente dos países subdesenvolvidos, tendo como conseqüência uma intensa aglomeração nas áreas urbanas com uma infraestrutura ineficiente. A imigração e a facilidade de realizar viagens contribuem para a emergência de doenças;

- Fatores sociais e políticos: guerras provocando um intenso deslocamento de pessoas, concentrando refugiados e a maior liberdade sexual;

- Fatores econômicos: o comércio internacional como via rápida e fácil de disseminação de doenças;

- Fatores ambientais: grandes projetos de engenharia, como a represa de Itaipu, que desencadeou casos de malária no sul do país. O desmatamento, o reflorestamento, a ocupação humana;

- Fatores relacionados ao setor saúde: falhas no controle do sangue e hemoderivados contribuindo para a disseminação do HIV e outros agentes, práticas de esterilização precárias, a falência da saúde pública em muitos países.

- Fatores relacionados à mudança e à adaptação de microorganismos: uso generalizado de antibióticos e a falha na adesão aos tratamentos, principalmente nos casos de tuberculose.

- Manipulação de microorganismos com vistas ao desenvolvimento de armas biológicas: a varíola, o antraz, a tularemia, a peste, o Ebola, dentre outros.

O autor retrata a situação das doenças emergentes e reemergentes no Brasil e o peso que o perfil infecto-parasitário aqui exerce. Refere-se à onda epidêmica da dengue que atinge grandes proporções nas grandes cidades do país, à ocupação da Amazônia e a ocorrência da malária nas zonas periurbanas. Outras doenças citadas são a epidemia do cólera no início dos anos 90, as leishmanioses, a esquistossomose, a febre amarela e a leptospirose como um problema nacional.

Por fim, descreve os desafios colocados pela emergência e reemergência das doenças infecciosas, sendo o principal deles a complexa otimização da vigilância epidemiológica, que envolve a capacitação de todos os profissionais, a existência de uma rede de laboratórios organizada, o reforço da rede de vigilância epidemiológica, o reforço aos serviços e atividades do campo da saúde ambiental, a informatização de um sistema de notificação de doenças online, o claro envolvimento das universidades e dos institutos de pesquisa, novas tecnologias de diagnóstico, agilidade na transformação dos planos e projetos em ações concretas, a diminuição da burocracia, a carência de recursos humanos qualificados, dentre muitas outros. E para isso, é preciso que a sociedade civil se organize e pressione o poder público para que este seja mais ágil e possa estar preparado para enfrentar a emergência e a reemergência das doenças infecto-parasitárias.

O texto é bastante lúcido e descreve de forma abrangente a real e complexa situação que se encontra o mundo em que vivemos no que tange as doenças infecto-parasitárias.

Cabe aqui comentar que não somente portadores de HIV encontram-se em estado de imunossupressão como também pacientes que fazem uso de quimioterápicos, de terapia prolongada com corticóides, pacientes transplantados, pacientes com câncer no sistema imunológico (linfomas e leucemias), pessoas idosas (e a tendência é que a perspectiva de vida aumente), sendo esses mais alguns dos fatores que derrubam a teoria da transição. É preciso uma modificação no pensamento dos profissionais do setor de saúde, que estão viciados a pensar de acordo com esta teoria, para que uma investigação mais apurada seja feita na suspeita de uma doença infecciosa.

Muito embora o artigo tenha sido publicado em 2002, mostra-se totalmente atual, já que vivemos no momento a tão polêmica gripe suína.

Vale à pena ler na íntegra em http://www.scielo.br/pdf/rbepid/v5n3/03.pdf.